segunda-feira, 9 de março de 2020

Copa do Mundo de 1982, Espanha. Pacote completo

A Copa do Mundo de 1982 realizada na Espanha é, com efeito, uma das mais inesquecíveis para os brasileiros. A seleção comandada por Telê Santana e que tinha Zico, Sócrates, Éder, Toninho Cerezo, Júnior e Falcão no auge de suas carreiras continua sendo reverenciada com uma das mais brilhantes que o país produziu. Contudo, não é com pouca razão que alguns especialistas consideram o dia 5 de julho daquele ano como o mais traumático da história da seleção brasileira, mais do que o Maracanazo e o 7x1.

Na Espanha, pela primeira vez, fardavam 24 seleções para o combate. A Argentina havia ganho a polêmica copa de 1978 e Maradona começava a ganhar ares de gênio do futebol, ideia que seria consagrada mundialmente quatro anos depois, no México. França e Alemanha eram forças medianas naquele início dos anos 80. A Bélgica tinha um bom time mas vinha de uma derrota amarga na Eurocopa de 1980. Espanha e Inglaterra carregavam seus nomes e olhe lá. Pelo lado sul-americano da tabela, Peru e Chile completavam um quadro desolador e o Uruguai, campeão do Mundialito de 1981 sobre um Brasil que começava a se reconstruir depois da era dos "campeões morais" de Cláudio Coutinho, sequer se classificou para jogar na Espanha.

As surpresas de 1982 vieram da África. Os debutantes leões indomáveis de Camarões, futuros campeões olímpicos, encarniçaram os jogos para cima do Peru do velho Teófilo Cubillas (que jogara em 1970 e 1978), da ainda forte Polônia de Lato, Boniek e Smolarek e da Itália, questionada como nunca, perigosa como sempre. Os argelinos de Madjer fizeram ainda pior: perpetraram um crime contra a Alemanha: 2x0, forçando os alemães a fazerem um acordinho bem bolado com os austríacos na última rodada, um jogo que ganhou lugar na galeria dos mais infames da história das copas.

Os países do leste europeu demonstravam força. Tchecoslováquia, Hungria (que aplicou 10x1 na fragílima equipe de El Salvador, determinando a maior goleada em copas do mundo até hoje), Yugoslávia e União Soviética tinham boas equipes. E foi justamente contra a URSS dos magníficos Blokhin e Dasayev que o Brasil teve sua prova de fogo. A seleção de Telê carecia de confiança. Alguns jogadores eram claramente contestados: Valdir Peres, Serginho Chulapa, Paulo Isidoro e os cansados Dirceu, Batista  e Oscar. Calhou que os soviéticos testaram duramente os canarinhos no dia 14 de junho em Sevilha. Valdir Peres tomou um frango de enciclopédia aos 34 do primeiro tempo. Parecia que tudo ia desandar. Parecia mesmo, até os 30min do segundo tempo. Havia gênios, verdadeiros gênios naquela equipe, contudo. Leandro, Júnior, Falcão, Zico... E havia um capitão como poucos. Passada meia hora da segunda etapa, Sócrates cortou dois marcadores com a perna direita e com um tiro violento da intermediária, venceu a muralha tártara Rinat Dasayev. E aos 43, em um corta-luz genial, deixou que um passe de Paulo Isidoro encontrasse Éder, que de canhota, da mesma posição que o doutor 13 minutos antes, liquidasse um atônito Dasayev e o jogo. Nascia ali um time mitológico.

Os jogos seguintes, contra Escócia e Nova Zelândia foram autênticos passeios: 4x1 e 4x0. No dia 2 de julho, três antes da tragédia, no mesmo acanhado estádio Sarriá, em Barcelona, o Brasil esmagou inapelavelmente a Argentina de Maradona por 3x1. Ao perfilarem contra a Itália, no dia 5, nem o mais pessimista dos críticos ousaria adivinhar o que se sucederia naquela jornada. O Brasil chegava com 13 gols na bagagem. A Itália, míseros 3. Paolo Rossi, nenhum sequer. O que o bambino d'oro trazia em sua bagagem eram dois anos de suspensão pela participação em um escândalo de manipulação de resultados no campeonato italiano. E além de tudo, o Brasil só precisava do empate. Eram favas contadas, imaginávamos.

Mas nada torna o futebol um esporte tão apaixonante quanto o imponderável. A seleção brasileira jogava com a seriedade que se esperava de um grupo tão excelente. Mas ninguém está livre de erros. Paolo Rossi, cabeceando um cruzamento de Cabrini, abriu o placar logo aos 5 minutos. Sem muito esforço, Sócrates empatou aos 12. Mas a Itália tinha um time rápido e traiçoeiro. Aos 25, a jogada que quebrou o time: Cerezo tenta um passe cruzado na intermediária para Oscar. Rossi se antecipa e toca na saída de Valdir Peres: 2x1. Antes do intervalo, Zico sofreu um pênalti claro que o árbitro Abraham Klein preferiu não marcar.

Ao voltar do intervalo, o Brasil era outro: nervoso, inquieto, errando muito, mal postado em campo. Na direita da defesa, Leandro foi abandonado. Serginho, uma nulidade. Mas mesmo cansado e jogando mal, o Brasil empataria aos 23 minutos, em um golaço de esquerda de Falcão, aproveitando uma fuga de Cerezo que puxou a marcação italiana para a direita. Seis minutos depois, porém, Paolo Rossi aproveitaria um escanteio e marcaria o terceiro gol. O relógio marcava 29 do segundo tempo e o Brasil não tinha mais pernas nem espírito. Oscar ainda forçaria Dino Zoff a fazer uma monumental defesa. Telê colocou - tarde demais, segundo Jô Soares (entendedores entenderão) - o ponta Paulo Isidoro no lugar de Serginho. Não adiantou. Klein apontou o centro de campo e determinou naquele dia não só o fim da partida, mas para muitos, a morte do futebol-arte diante do pragmatismo dos resultados. O futebol-arte era demolido no pequeno Sarriá, que também seria implodido 15 anos depois.

O Brasil voltava para casa e a Itália seguia em frente para derrotar a Polônia por 2x0 e encontrar a Alemanha na final. Os alemães chegariam à decisão ao vencer a França de Platini e Giresse em uma partida dramática e exaustiva: 5x4 nos pênaltis depois de 3x3 no tempo normal e prorrogação. A Itália, que não tinha nada com isso, atropelou a cansada Alemanha por 3x1 em Madri. Curiosamente, as recordações da tragédia estavam presentes em campo: o árbitro foi o brasileiro Arnaldo César Coelho. Um de seus auxiliares era Abraham Klein. Os alemães amargavam mais um fracasso diante da Itália em copas, coisa que acontecera em 70 e se repetiria em 2006. Os italianos festejaram. A grande final, entretanto, para a história do futebol, já tinha ocorrido 6 dias antes.

O pacote de seleções da Copa de 1982 sai por R$ 240.
Abaixo, os grupos da copa.

Grupo 1





Grupo 2





Grupo 3





Grupo 4





Grupo 5





Grupo 6




Próxima copa: Argentina, 1978. Até lá.

3 comentários:

J. Sandes disse...

Show...classicas!!!

Sidnei Toscano disse...

Como posso adquirir as seleções completas da copa de 82?

MarcosVP disse...

Entra em contato comigo pelo e-mail marcosvp@gmail.com