Muitas de minhas cartelas aqui serviram para homenagear grandes jogadores de futebol. O Fernando, contudo, percebeu que eu nunca havia feito homenagem nelas a nenhum grande goleiro. Assim, me sugeriu três jogos inesquecíveis, nos quais os goleiros são personagens mais que principais.
- Dizem que o
Brasil de 1970 foi o melhor time de futebol de todos os tempos. Apesar disso, os jogos na copa do mundo do México não foram exatamente fáceis. Que o diga o time que enfrentou, logo na segunda partida da primeira fase, a poderosa
Inglaterra campeã do mundo, com Bobby Charlton e tudo. O Brasil venceu, com um gol de Jairzinho - que marcou em todas as pardidas do torneio - mas a jogada mais espetacular da peleja pôs cara a cara dois gênios. De um lado, o rei Pelé. Do outro, um legendário goleiro chamado Gordon Banks, que perpetrou naquele 7 de junho, a mais espetacular defesa já realizada, uma jogada indescritível, de perfeição contra perfeição, sendo que a bola, caprichosa, acabou obedecendo, naquele dia, à vontade do inglês.
- No dia 15 de junho de 1958, uma lenda entrou em campo no estádio de Gotemburgo, mas duas sairam dele. De um lado, um dos maiores goleiros da história, o
aranha negra Lev Yashin, defendendo a equipe da
União Soviética. Do outro, o camisa 11 do
Brasil, um jogador moreno, atarracado e de ridículas pernas tortas, tão melancolicamente ingênuo que chamava todo e qualquer zagueiro de
João e, segundo diziam, tinha apenas uma jogada: um drible rápido para a direita. Pois foi naquele jogo que o mundo soube quem era um tal de Mané Garrincha. Daquele dia em diante todos descobriram que nenhum
João do mundo pararia aquele infernal ponta-direita. E assim, a copa da Suécia começou a ser ganha, a partir daquele jogo em que Vavá fez Yashin buscar duas vezes a bola no fundo das redes.
- Seria possível definir em poucas linhas o que foi a maior tragédia do futebol brasileiro, o
maracanazo de 16 de julho de 1950, o título perdido para o
Uruguai em pleno e monumental Maracanã, o maior do mundo, tomado por 200 mil almas entregues às lágrimas e ao mais doloroso silêncio, onde só o que se ouvia eram os urros heróicos do capitão uruguaio Obdúlio Varela? Tudo o que podia ser contado sobre esse jogo já o foi, menos talvez que o pai deste que vos escrevinha também era um dos arrasados espectadores naquele estádio. Em campo, um brasileiro acabou recebendo injustamente todo o peso daquele fracasso em suas costas: o goleiro vascaíno Moacyr Barbosa do Nascimento, um dos maiores que este país já viu jogar. Responsabilizado na jogada em que Alcides Gigghia conseguiu com um potente chute de direita, colocar a bola entre o goleiro e a trave, Barbosa, cúmplice do destino, e outros tantos goleiros negros, estigmatizados junto com o ex-ídolo, pagaram por toda a vida o preço daquela monumental derrota.
(Nota: este foi um dos primeiros jogos em que os jogadores usaram números nas camisas. A seleção uruguaia jogou sem escudos em sua tradicional celeste olímpica. Aqui, peço a permissão para colocar os escudos uruguaios dos bicampeões mundiais.)
5 comentários:
Três jogos e três histórias! Ainda bem que dois deles fundamentais para a conquista de duas Copas para o Brasil. Já o do Uruguai... Marcão, acho que desde aquele tempo dessa derrota do Brasil para o Uruguai o Maracanã tem uma macumba muito forte dos hermanos da América do Sul. Acho que até hoje o Maraca é amaldiçoado para o Futebol da Seleção Brasileira e principalmente para os Times do Rio de Janeiro. Nunca ví um Estádio para ser tão pé-frio do povo carioca, já se foram uma Copa do Mundo(1950), uma final de Interclubles(2000), três Copas do Brasil(1997,1999,2004) e recentemente uma Libertadores(2008). Será que é só eu que acho isso do Maraca? Acho que o Maracanã devia ser demolido para a construção de um novo e pé-quente Estádio! Ficou maravilhoso o escudinho do Brasil de 1950, o uniforme branco é lindo!!!
dizer o que, não é? ficou sensacional - com esses porteiros não tem mais como tomar gols. valeu, marcão.
abraço, f.
Cristiano, não posso concordar com você, hehe. Veja, além de ter o carinho da maioria dos torcedores cariocas, o Maracanã não é só tragédia, muito pelo contrário. São quase 60 anos e nesse tempo, os clubes cariocas conquistaram nove títulos brasileiros nele e a seleção, pelo menos um título que eu lembro (até porque estava lá): a Copa América de 1989. Mas é fato que todo grande time carioca teve seu maracanazo - menos o Vasco, cujo maracanazo foi a própria derrota para o Uruguai em 50, já que o time era a base da seleção.
Abs.
Caro Marcos,
Parabéns pela sua página!!!
É simplesmente fantástica...
Só uma observação: na decisão de 1950 os uruguaios usaram camisa com numeração VERMELHA e SEM ESCUDO!!!
Um forte abraço
Caro Marcos,
Parabéns pela sua página!!!
É simplesmente fantástica...
Só uma observação: na decisão de 1950 os uruguaios usaram camisa com numeração VERMELHA e SEM ESCUDO!!!
Um forte abraço
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