
Há todo tipo de clube de futebol no Brasil, de toda espécie de origem. Clubes de colônia, operários, agrários, populares, elitistas, toda espécie. Alguns deles, contudo, são uma espécie de paradigma de seu tipo. É o que ocorre com o
Fluminense Football Club, clube que é a própria aristocracia, desde suas cores, passando pela sua suntuosa sede até a sua história. Marcado por racismo e sobreba - não a tôa é conhecido até hoje como o "pó-de-arroz", pela maquiagem que usava em boleiros mulatos que disfarçadamente punha a jogar em suas equipes, a aura nobre do tricolor do bairro das Laranjeiras não suplanta o fato de que o clube é um dos mais populares e de maior torcida do país, sendo detentor de inúmeras glórias e de times fabulosos, com craques fantásticos como Rivelino, Castilho, Marcos Carneiro de Mendonça, Renato Gaúcho, Romário, Edinho, Gérson e Carlos Alberto Torres. As cores que traduzem tradição, como diz seu hino, são ainda importantíssimas no cenário do futebol brasileiro, ainda que tão conspurcado pela cartolagem que faz com que o Fluminense amargue até hoje, a incômoda condição de estar de favor no lugar - a série A - onde deveria estar tão somente por direito e conquistas.
A homenagem ao Fluminense apresenta três cartelas para os leitores e jogadores. A primeira, o kit atual do tricolor, fabricado pela Adidas e que o clube tem utilizado no campeonato carioca, onde, contudo, não faz boa campanha.
Em seguida, os escudos de uma partida histórica e de uma conquista memorável: o campeonato carioca de 1985, vencido em um jogo contra um
Flamengo que não só tinha Romário em grande fase, como comemorava seu centenário. O jogo realizado em 25 de junho daquele ano, no Maracanã, daria o título ao rubro-negro se terminasse empatado. E era assim que se encontrava ao final da partida, quando Renato Gaúcho, que já tinha marcado o primeiro gol tricolor, fez o terceiro do time, empurrando com a barriga um cruzamento de Aílton. Os flamenguistas amargavam, a mais dura derrota do fracassado ano de seu centenário, enquanto os tricolores ganhavam a cidade e Renato Portaluppi ganhava a alcunha de "rei do Rio".
Treze anos mais tarde, Renato Gaúcho, já como técnico, voltaria a ser personagem da história do Fluminense, na mais dura derrota da história do clube: a final da Libertadores de 2008. Foi no dia 2 de julho que o Fluminense entrou em campo precisando vencer por três gols de diferença, depois de ter sido derrotado por 4x2 no Equador pela
LDU. Depois de uma vitória heróica sobre o São Paulo nas semi-finais, o tricolor acreditava que a força de sua torcida faria a diferença em casa. E apesar de começar perdendo o jogo no Maracanã, o time se reergueu e acabou virando o jogo para 3x1. Entretanto, a displicência no final da partida, quando o time carioca perdeu incontáveis gols feitos e a catimba e a estrela de Cevallos e Guerrón, ídolos do time equatoriano, acabariam por decretar a derrota do Fluminense nos pênaltis e adiar
sine die, aquela que teria sido a maior conquista da história do tricolor das Laranjeiras.